Um brinde a todos os banhos de chuva acidentais
E aos que eu quis me molhar, saborear o frescor de cada gota.
Deixei ir alagando meu corpo e fui me tornando uma tempestade no mesmo momento
Ali escorri, me perdi, me inundei.
Hoje, sou quase um oceano inteiro
Carregando em mim a profundeza de ser corrente.
Há quem diga que é um prazer se molhar de mim, me beber, me engolir e quem sabe até se embriagar.
Nina Karina
Acho que todo mundo que tá chegando aos trinta anos começa a se perguntar se já chegou "lá"
E esse "lá" fica aonde exatamente? Quem determinou esse "lá"?
Que raio de lugar é esse? Esse ideal da vida perfeita que se apresenta a todos nesta idade?
E a sociedade joga esse pobre ser humano, nesse tempo de agora, numa tarefa quase que impossível de obter resultados, nem ele sabe bem quais são e essa cobrança chega a sufocar aqueles que ainda precisam experimentar mais da vida pra se entender.
"Eu já deveria ter filhos?"
"Eu já deveria ter feitos quantas faculdades?"
"Eu já deveria ter casado?"
Assim, os relógios que continuam tocando as batidas do tempo, lhe pressionam contra a parede das expectativas de outras pessoas sobre a sua vida e você acolhe essas observações, opiniões, projeções e julgamentos como uma enorme esponja de auto cobrança, tentando ou não cumprir aquela imagem do "bem sucedido" no tempo determinado por alguém que chegou "lá".
O único "lá" que eu conheço de fato é o lá referente a uma nota musical, que tenho certeza que não é esse o lugar, já que ser musicista nem se quer é considerada uma profissão, é quase um hobby ou um plano "B".
Eu gostaria que por lei o "lá" seja registrado de forma oficial, que conste nos manuais, nos livros, nas músicas, nos cartazes, nas tatuagens e em cada mente atribulada que o "lá" seja aonde você queira estar, esteja bem, feliz e em paz consigo mesmo, respeitando seu amadurecimento, sua dor, seu amor suas escolhas e cicatrizes.
Eu espero que fique claro e registrado que o importante é ser feliz.
Nina Karina
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Hoje, assisti Tick Tick...Boom! Inclusive recomendo a todo habitante desta Terra, que filmão!
Eu estava com a lua
Minha cúmplice e testemunha
De beijos e despedidas
De noites quentes e também vazias
Sempre de alma nua.
Essa lua espiã que atravessa minha janela
Viu e escutou ensaios e sons
Já leu meus pensamentos
Já observou meu silêncio
Quis guardar os meus segredos
Sabendo de todos os meus medos
Me prendeu o olhar
Me deixou ficar, até o sol nascer.
Que noite fria, mas tua luz me abraça
Clareia, o corpo e o meu olhar
Meu coração se conecta com a eternidade
Ali, não estou mais só.
Geralmente apago as lembranças do meu facebook, mas hoje me deparei com esse texto, feito em 2014, não me lembro as motivações, mas achei de uma graça e delicadeza, que decidi trazer para este blog.
O que tiver *() são considerações minhas de hoje, nesta publicação - 2021.
Eu fico o tempo todo tentando prever a chuva, ainda sim, sem medo de me molhar
E deixo essa mistura de água e lágrima escorrer pelo meu corpo, como um ensaio de vidas passadas.
E apenas me reconecto com aquela garota, morta por dentro, mas implacável em não temer o amanhã.
Sinto aquela velha e conhecida sensação do "nada a perder", mas não somos infinitos.
Hoje é dia de pegar seu All star velho e gasto que dava dor no pé, ou aquele coturno que só você usava no verão aqui no brasil.
Hoje é dia de pegar seu casaco de couro com cheiro de guardado ou naftalina e vestir.
Hoje é dia de passar lápis no olho, o suficiente para borrar no decorrer do dia e pintar as unhas roídas de preto.
Hoje é dia de deixar as tias da sua família achando que você gosta de música do tinhoso.
Hoje é dia de desembolar 3 kg de corrente que estavam guardados naquela caixinha.
Hoje é dia de comprovar que você gosta da banda, tendo que saber de memória o tipo sanguíneo de cada integrante da banda.
Hoje é dia de cair no soco com os roqueiros mais velhos que acham que rock nacional não é rock.
Hoje é dia de ouvir Kiss e acreditar que eles não são uma cópia dos secos e molhados, ou que legião Urbana não é a versão Br do The Smiths (amo ambos).
Hoje é dia de ouvir aquele roqueiro que fala mal do funk, do samba, da Pablo, da bossa, da mpb, da Pitty, mas acha que o vocalista do ac/dc tem voz. (eu gosto de ac/dc, mas gente...)
Feliz dia do Rock bebê!
Levem na esportiva <3
Eu poderia dizer que hoje é apenas mais uma quarta-feira, mas ela está cinza como uma fotografia em preto e branco, como lembranças distantes que retornam junto de uma canção com tom baixo. Sinto saudade de coisas simples, sinto falta do que ainda não vivi, é quase como sonhar acordada, mas no fim vejo uma paisagem ensolarada presa na minha janela. Talvez eu seja só mais uma pessoa cansada, que ainda dentro de seus privilégios se dá o luxo de gastar o tempo escrevendo este blog, tantos não tiveram essa sorte.
Mas hoje, me agarro nessas palavras como forma de expressar um pouco do vulcão em erupção que sinto no peito, escrevo como quem diz, como quem grita e sonha com que as pessoas possam ter um pouco mais de dignidade, estamos cansados.
Enfim...
Criei um carinho tão grande por este espaço, já faz tanto tempo. Hoje me dei conta de quanto tempo...
É claro que manter a rotina das postagens semanais, ou mensais foram ficando cada vez mais difíceis, mas tem uma vida escrita aqui e se eu não me engano este blog existe há 10 anos. Tem muita paixão em cada palavra, inspiração em vários momentos e muita, mais muita história por aqui.
Caro leitor (a), escrevo sempre com o coração aberto, me correspondo com você, que veio aqui ler este post e quero dizer que sou profundamente grata. Cada cantinho desta página tem um pouco de mim.
É muito louco imaginar que tem uma década de palavras que conduziram a minha história até aqui, frases, poemas que me ajudaram a superar e a exprimir tudo que senti nesses 10 anos. Foram tantas as dificuldades, o crescimento pessoal, profissional, até mesmo o amadurecimento da escrita.
Acho que é por isso que continuo escrevendo, é uma forma de existir para além dos meus pensamentos, ajuda a me manter sã e vai me permitindo transitar em cada frase, vocês quando leem escutam meu silêncio, minha alegria e minha tristeza.
Gostaria de sempre ter esse espaço, onde escrevo sem medo, do fundo da alma.
Este blog nasceu como "Diário de Uma Rosa" e agora é simplesmente Nina Karina.
Obrigada por me ler <3
A foto é deste ano (2021) Nina Karina em sua casa de cobertinha como uma senhorinha de 28 anos.
O que isso significa? Ainda não sei, pra ser sincera, mas se tem uma coisa que entendi e aprendi em 2021 é que como disse Paulo Gustavo: “Rir é um ato de resistência”. Assim como escrever, cantar, pintar, produzir e não sei se coincidiu com o retorno de saturno, com o fim do mundo, vendo o brasil cair cada vez mais fundo... estou voltando, estou escrevendo, estou tentando.
Eu nem vi o ano passar, acho que o ano tá é atropelando todo mundo, neste momento se você ainda habita o planeta terra, estamos vivendo uma pandemia. Bizarra essa palavra né? Ouvia em filmes e jogos apocalípticos e cá estamos. Eu adoraria dizer que é heróico sobreviver, como nos filmes, mas a verdade é um cenário de guerra, muitos perfis escrevendo “luto” chorei até por quem não conhecia. Muitas pessoas perderam suas pessoas preferidas no mundo, isso é devastador e pra dar mais um tom dramático temos um vilão, que nega a vacina, a ciência e faz tudo ao contrário a vida.
Não se sinta sozinha(o), estamos cansados, todo dia uma coisa ruim, mas cara, a verdade chegará mesmo que tardiamente, vai chegar!
Respirar é privilégio hoje em dia, então respire fundo,
diga fora Bolsonaro, use máscara e faça distanciamento social. Essa treva vai
passar e logo mais estaremos juntos.
