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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Pandemia nº1


Os dias estão iguais
E silenciosos
Não estamos lendo a verdade, ou não sabemos se é verdade
Estamos sozinhos aqui, juntos neste mesmo fim
Apesar de distantes para o bem.

Os dias estão iguais
Talvez estejamos respirando menos
Sufocando mais
Enterrando mais
Enganando-se menos, nunca iremos saber

Os dias estão iguais
Os números de morte são estatísticas
Enquanto velamos empresas, choramos economia
Sangramos pela nossa velha vida, outros apenas morrem, você chora?
Os dias estão iguais
O inimigo invisível, mortal e silencioso
Toma conta das ruas, devastando gerações
Atrasando nossa humanidade, maldita ignorância.
E ainda tem um vírus.

Os dias estão iguais
Amanhece menos gente
Anoitecem os sonhos
Ao menos respiramos uma última vez

Os dias são tão iguais
Quebramos o mundo
Ele continua perfeito
Quebramos todo mundo num sopro só

Os dias são tão iguais
São tempos difíceis pra ser artista
São tempos difíceis pra ser humano
Muitos não sabem sobre humanidade
Muitos debocham da arte

Os dias são tão iguais
Mesmo presa no meu mundo cercado de dificuldades e privilégios
Minha alma corre solta por cada lágrima e devastação desses tempos
Sei a dor da despedida e não há como não se compadecer
Tenho raiva de dias iguais
Mas isso, no meus tempo, significa que está tudo bem.