Senta que lá vem história amigxs.
Vou me identificar como Y. Eu estou escrevendo para esse blog porque
resolvi falar de um relacionamento abusivo que sofri por 4 anos (segundo o ex
5, porém o 5° ano foi na imaginação dele.) Quero ser breve para não ficar um
negócio chato de ler, mas quero conscientizar a galera que está começando a se
relacionar.
Com 14 anos comecei a namorar. Eu relativamente gostava
do cara e resolvi encarar. Nos primeiros meses foi bacana, tudo novo e tal,
entretanto, no 3° mês tivemos uma briga relacionada a ciúme. Eu não podia
respirar perto de um menino (e ai vem o 1° sinal, você tem o direito de se
relacionar com quem quiser.)
Passou um tempo e continuaram as brigas mensais/semanais,
às vezes ele até partia para cima de mim, aumentava o tom de voz e gesticulava,
como se a qualquer momento fosse me dar um tapa, mesmo que isso não tenha
acontecido (e ai vem o 2° sinal, não deixem que NINGUÉM em circunstância
alguma, encoste em você sem que você permita.)
Certo dia ele não
ligava mais, sumia com os amigos e eu ficava indo atrás. Ele tinha total
controle da situação. Num diálogo, ele falou “Yara, a gente PRECISA
transar” e eu “Acho que não estou pronta pra isso” e ele “Porra, vou me tornar
o ‘virgem de 40 anos’.” Após isso, eu comecei a me cobrar e como ele estava me
deixando de lado resolvi transar para ver se ele voltava a ser aquele cara
bacana que eu havia conhecido. Aconteceu e assim que acabamos ele levantou e
foi para frente do computador falar com os amigos. Depois disso a gente sempre
transava e eu não sentia nada, as vezes até me machucava. Eu me sentia
inexistente. (E ai vem o 3° sinal, você não deve ser sentir forçado a nada.)
Eu comecei a ter uns problemas fora da relação e com isso
mudei com amigos, família e namorado. Eu ficava na maior parte do tempo em casa
e ele ia lá de vez em quando. No momento em que eu expliquei o que estava acontecendo, ele
não entendeu. Às vezes fazia umas cenas, do tipo, “você deveria sair comigo,” “queria
transar,” “você não é carinhosa,” e entre outros. (E ai vem o 4° sinal, você
estando em um estado depressivo, não é forçado a nada também – sim, eu sei que
é ridículo e até mesmo óbvio dizer isso, mas eu ainda sim me sentia obrigada.)
Conclusão: decidi terminar com o dito cujo e quando falei “cara,
não dá mais” ele me xingou, disse que eu havia me tornado um monstro e que não
me reconhecia mais. Ele gritou comigo na rua, virou as costas e se foi. Eu
estava aliviada.
Enfim, hoje eu vivo bem e ele fica se fazendo de vítima
(como sempre fez, aliás, fui a mãe dele). Queria dizer que depois de 1 ano e 4
meses tive coragem para falar sobre isso... Sei que é difícil notar um
relacionamento abusivo quando se está em um. Tenhamos coragem e notemos os
sinais.
Abraço.