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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Numa ilha feudal.


Acho realmente incrível essas pessoas que vivem o que dizem.
Que sentem o que escrevem.
E que não falam o que não sabem..

Admiro mais ainda a capacidade que alguns tem de apenas reluzirem.
Sem deixar que qualquer coisa as destrocem e os façam cair.

Penso muito sobre as pessoas que se dizem vítimas demais.
E que colocam doses desacerbadas de drama em uma frase.

Desconfio inclusive.

Observo de longe aquele que faz o discuso., mas não move uma palha.

E me calo diante da ignorância de quem concorda com o fútil
Aplaudi  o mágico falso
E reverencia o grandioso status.

Amo aquele que faz apenas amar
Seja seus dons ou outros seres que os amam
Amor transcende vidas.

Abraço aqueles que me abraçam também
Além da corrente sanguínea, do papo de "um dia"
Entendo aqueles que só tem isso, ou aquilo.
Mas sorrio pra quem busca o além do que se vê.

Imagino o mal quando vai dormir
Quando fica tentando se alto convencer sobre o que foi na vida
Quem realmente ainda é inteiro, ou não.

Choro por aqueles que sofrem por serem
E brigo por aqueles que apenas estão
Abrigo-me nos braços  de um amor
E esse amor se abriga em mim

E a gente não briga, só brinca e é feliz
Tenho amigos que fazem cantigas de amor
Tem flautista, violão, pandeiro e cantor
Tem até a lua, num velho e outra no céu.

O velho mais jovem que conheci
Escuta música clássica e não sabe fazer café


Tem um prédio verde numa ilha feudal
Onde sai sons que ecoam pela eternidade
Senhoras pintam, crianças bordam
Os jovens se olham e a vida segue.

Tem gente que canta pra todo lado
Tem o lado dramático, e o sorriso do teatro

Tem esse trem que chamam de estação
Tem essa gente maluca que procura solução

Anuncio então a chegada da minha gente
Gente humilde e lutadora
Meus amigos e minha casa
Meu lugar e minha órbita.

Lá todo mundo é da lua
E ninguém se olha, todos se admiram
Pois, valoriza-se o presente que é ser o que se é
Sem clichê, cor, ou qualquer outra coisa que se defina.

Lá todo mundo é bicho esquisito
E eu os admiro, os observo, os amo, os abraço e luto por eles.
Pelos ideais em comum.
Pelo comum que nunca nos pertenceu, nunca nos conformou.



Quando eu tocar a velhice
Se acaso chegar até lá
Contarei sobre aos meus filhos e filhas
Sobre essa casa mágica, onde as pessoas tinham um lar.
Não um lar comum, um lar para as ideias e a alma
Fazia a arte e a cultura ecoar.

Karina Silva


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Composição inesperada


Tá uma linda tarde
O tempo parece parar
Inclusive parou de rasgar os meus dias
E deixou a maré se acalmar



Tantas coisas vivi nesse quanrado branco e preto
Como sua foto antiga tem história e memória com cor


Entre os abismos entre nós, a lágrima acabou de cair
Num belo dia de sol, eu chorei



Talvez eu esteja voltando da lua
Onde me escondi nessa primavera


Pra ver como o tempo passaria
Se o mundo voltaria a girar



E nessa tarde de sol eu chorei
Mil represas transbordam
De toda essa nostalgia entalada
De tudo que apenas se foi

Quem sou eu pra dizer adeus?
Por Deus, eu não sei dizer.
Sempre me faltarão palavras sobre você



Peguei meu violão e cantarolei as ausências
E agora elas me tocam
Acontece, perdemos o jogo, a voz, o prumo...

Mas está uma linda tarde não acha?


Nina Karina

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Delicadamente até florir.

Querida eu tenho um violão
E é nele que as vezes eu ressuscito
Descendo devagar o tom
Fechando a janela, a cara e a porta.


Tempestades mentais
Nevoeiros da sabotagem
Nessas águas minhas
Que quase nunca transbordam.


Em épocas distintas
Curavam-se crises com uma caneta e papel
Depois com melodias
Hoje eu só preciso descansar.


Olhos pros lados e vejo terras de um eu baldio
Minhas mãos atadas no meu alcance
Respirando o ar parado da nostalgia presa
Quase voltando.


São esses dias  traiçoeiros
Pegajosos e pesados
Que me afogam de olhos fechados
Água parada, nas retinas, não vão há lugar nenhum.



Já vivi nesse labirinto
Sempre soube voltar pra casa
Mas tenho medo de dessa vez
Naufragar de vez e me esquecer.

Mas eu tenho um violão
E é nele que ressuscito 
Ecoando devagar e denso
Delicadamente até florir.

Nina Karina

O que tocou em mim

Essa noite tem jeito de flor
A cor da sua vinda
O cheiro da alegria 
A morada sadia

Fica iluminando o universo
Ajeitando o meu avesso
Clareando o tempo
Sentindo o dia lento

Acerta os nossos ponteiros
Apruma nossos acertos
Nos guia pro melhor
Faz o afago nas minhas notas

Querida, te abraço em pensamento
Sinto você retribuindo no mesmo momento
Toco você quando toco pra você o que tocou em mim


Com toda essa liberdade de voar
E com o ninho nos seus braços pra voltar
Todas as constelações de testemunha
Que você é meu lar, todo o infinito do amar, que não me cabe, por isso escrevo.

Nina Karina

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Gratidão


Olhe para as estrelas por essas noites claras
Complete e contemple a lua
Que nunca está só
Sempre tem alguém que se completa com a lua.

Seja grata pelo céu
Pela água, pelo chão
Pela poeira
Pela casa.
Pela sua garota



Que segura a sua mão e nunca desiste de você
A admire, pois ela sempre te trará inspiração
Ela traz nas retinas as constelações mais lindas
E no corpo todo o calor que lhe falta.

Seja a luz dela, quando ela desaguar
Seja o ombro dela quando ela cansar



Esse talvez seja o grande mistério dos grandes amores
Fazem primavera em qualquer estação do ano
Cultivam flores na íris
Carregam um céu nos abraços

Os dias de chuva que se carregam de silêncio

Mesmo com a luz apagada de noite a vejo
A sinto.

Quando seguro as mãos do meu mundo 
Percebo ser um
Pois sou o mundo dela também
E juntinhas a gente vai bem.



Nina Karina

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Tardes de agosto

Nessas tardes finitas e cansadas de agosto
Aparece um sol acanhado
O vento carregado de mudança
Nostalgia que só o fim do inverno pode ter

O silêncio que se instala nos cantos da casa
Ou o barulho das ruas lotadas
Tudo muda nas tardes de agosto
Muda pra mim.

Tenho beijos repletos de harmonia
Cheiro de café na casa
Felinos nos arredores
E um grande amor no cangote

Essas são minhas palavras em agosto
Tenho vida à gosto
Seja lá pra onde for
A lua parece maior

As estrelas nos guiam para o sempre.

Nina Karina

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Devaneios escritos à punho

Acho que o sol também tem medo.
Ele às vezes se esconde, se guarda.
São os dias cinza com o vento de julho.
Nós não morremos, nós nos escondemos.
Todos têm medo do fracasso, do escuro da mente.
Parece que a noite toca fundo, vamos no breu de nós tentando respirar.
Já não tinha proteção, agora, tenho mais responsabilidades
Ninguém nos avisa quando crianças o quanto dói.
Mesmo com duas sementes geradas no mesmo ventre, sou capitã do meu próprio navio, do meu próprio vazio.

Tenho um “Em Frente” inteiro nesse horizonte.


Era um cometa distante, não sei o que eu deveria sentir.
Eu me calei sobre o tempo
Sigo na paz que me ergue.

Você vem?

Proteja meu corpo de mim.
Você faz minha alma sorrir, se recriar.

Ninguém explica, pois logo, ninguém prevê
Ninguém te diz o que vai ser; quem você vai deixar; quem vai te deixar.
Se você vai se importar ou não com um batom vermelho;
Se você vai gostar ou não dos retratos branco e preto
E você reúne seus trapos de vida para não se perder por inteiro.
Quase perdi a cor dos meus olhos, quase desaguei até me afogar;
Já tive cede de paz, medo de flor, quase fui, mas por hora, ou perpetuamente estou aqui.
Num sopro, num acorde e na malícia do mundo, vão ter que me aturar.

Por: Uma Nina Karina

terça-feira, 16 de junho de 2015

Entre meninas e meninas

Minha menina dos olhos se apaixonou pela tua
Em seguida se deram as mãos na rua
Abraçam-se e dançam até sem música
Nossas meninas dizem uma a outra “Sou Tua”

Nessas tardes elas se encontram
Elas se estudam e se amam
Elas se buscam e se beijam


Elas não temem a chuva
Elas falam sobre um futuro bom
Acolhem as lágrimas uma da outra
 “O futuro vem logo ali”

Nossas meninas dos olhos
Se encaixam num quebra cabeça feito nó de nós
Numa melodia ensaiada e de acordes cheios de “Acorde! Felicidade em frente, ENFRENTE!”

Nossas meninas amam constelações
Amam a noite e são parecidas com a gente
Que ao acaso nos amamos.
Nossas meninas dos olhos, se apaixonaram e nós também.

Nina Karina




quarta-feira, 3 de junho de 2015

Vivemos o que sentimos

O jeito que você toca meu rosto
Gravando meus detalhes
Mergulhando nos meus olhos
Adentrando na imensidão de mim

Você me abraça me guardando dentro de si
Como se você  pudesse tatuar teus braços no meu corpo
Nossos silêncios são sarais eternos
Entrelinhas diretas no olhar
Simples e enigmáticos

Beijo coreografado
Teus lábios dançam nos meus
O ar é mero detalhe
O sentir é tudo

Vivemos o que sentimos
Sentimos e sabemos viver
Para viver é preciso coragem
Você tem em mim e eu em você

O amor tá na cartola
No clichê do “eu te amo”
Mas a verdade eu vivo contigo

E sem você não consigo ver.

Nina Karina


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Los trapos

Na mala, velhos trapos
Na Janela, um horizonte carregado de amanhã
Esperança no sol da manhã.
E o vento traz o ar que enche os pulmões de alívio.
Sinto girar
Sinto a poeira aumentar.
Sem medo, vamos rodar.

Nina Karina




quinta-feira, 14 de maio de 2015

20 e poucos anos

   Uma cena cotidiana reflete na sua mente, quando se depara pensando na sua vida quando escova os dentes antes de sair de casa numa manhã de segunda-feira. Era eu ali, no mesmo lugar, sem mudanças brutas nos traços do rosto, sem lágrimas de noites passadas. Era eu ali, leve me observando respirar com a escova entre os dentes comecei a sorrir...
   Algumas coisas só são perceptíveis aos nossos olhos quando atingimos uma certa idade, é porque quando jovens agimos antes de pensar e tudo é o fim do mundo. A intensidade das coisas são diferentes, as peculiaridades mudam, as flores ficam mais belas e até dançamos na chuva.
  Por outro lado, notei que algumas  coisas que consideravam fases em mim não mudaram, como a música, a paixão pelas artes e minha sexualidade. Sinto-lhes informar que ainda sou jovem, mas com maturidade pra viver bem e com gana de ser exclusivamente feliz do meu jeito.
  Naveguei pela solidão, pelo desamparo, pela tristeza, conheci o meu profundo  "eu" e eu estava ali, sorrindo em frente ao espelho, acho que seguir em frente e enfrentar seus medos nos elevam pra uma coisa chamada felicidade.
  Lá vou eu com 20 e poucos anos, cantarolando rua afora, tendo a aventura de ser quem sou, num mundo onde formas e moldes fazem parte do que é bom, do que é aceito. Eu vivo bem, correndo atrás dos meus sonhos, amando até a ultima gota.
  O grande segredo é sorrir e ter fé, a luta é sempre muito grande pra todos nós.

Nina Karina

"Aponta pra fé e rema" 


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Além dos refrões

Você me pegou forte e me cravou as unhas
 Deixou as digitais que não saem mais. 
Veio por inteiro marcando todos os cantos e espaços 
De pouco a pouco foi ao todo 
De constelação a Chico Buarque 
Onde a nossa lei é ser feliz em detalhes 
Somos o SIM 
Vamos além dos refrões...

Nina Karina


sexta-feira, 24 de abril de 2015

É coisa simples

Eu achei que faltava cor e borrei Eu achei que faltava tom e desafinei Eu achei que tinha achado e só perdi Eu vi.
Em suma, perdi a conta Em soma, não teve fim Fui do ponto ao infinito Eu achei até bonito
Era quase lua e eu o breu Eu respirava a noite e você e eu Eu achei que era assim, sobre amar E nunca se achar em outro lugar
Que não fosse teu abraço Teu pranto Teu colo Teu beijo Teu cheiro
De tudo que perdi ainda acho Que o amor não se procura Ele por si se faz ser encontrado E faz a cama, o café e o abraço.
É coisa simples Nina Karina

terça-feira, 7 de abril de 2015

É neblima

Ta chovendo lá fora Aqui dentro é neblima Mal me vejo Só me perco. Ta acabando lá fora Eis então a sina O amor é uma menina Tirei o "por essa" pra não dar pinta Ta escurecendo Aqui é noite faz dias Lembranças vão em cada esquina E vem pra atordoar minhas retinas Ta calor por fora E um frio interno O ar condicionado do medo Gela o fevor do que sente. Ta saudade la fora Ta saudade aqui dentro Nina Karina

segunda-feira, 23 de março de 2015

Respirar

Respirar é preciso
Respiro sorriso
Respiro vontade
Respiro melodia
Respiro saudade

Respirar é tanto
Tudo
Mudo
Grito calado

Respirar é pausado
Controlado
Embriagado

Respirar é quente
É nostálgico
Aliviador

Respirar cansa
Numa dança
Na cama
Entre os dentes
No abraço

Respirar diz
Respirar ouve
Respirar morre
Ultimo ar.

Nina